segunda-feira, 30 de abril de 2012

O velho e a névoa


    
    Quantas vezes olhaste por este vidro? A mesma névoa. Os mesmos reflexos. Um velho de barba grisalha, vista cansada, pouco cabelo, memória farta. Farta falta. Um velho sóbrio em constante perda. Memória. Lá fora, as paisagens são quadros já vistos, revistos e esquecidos. Inconstantes equívocos. Fios alvos, de todas as cores a do tempo é branca. Tempo que desbota os seus reflexos, a sua face. Tempo que desbota as suas lembranças. O velho por de trás do vidro tentava, em vão, subverter tal alvura. Subvertia, esquecia. E assim, o tempo jazia as cores daquele velho sonhador.

2 comentários:

  1. Às vezes caímos na rotina do nosso dia-a-dia, é quase inevitável (não sei se era isso que queria passar, mas foi o que entendi e senti). Vemos sempre a mesma paisagem, até as mesmas memórias. Daí, nos perguntamos? Estou vivendo mesmo? O que pensei ontem é o que estou pensando hoje... É complicada essa nossa vida.

    Beijos,
    http://eppifania.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Essa palavra névoa, explica a situação da minha avó. Ela está com princípio de Alzheimer, ela ainda lembra de mta coisa, mas como não tem cura, vamos trabalhando com ela, não perder de vez, alongar o máximo que puder, e tudo fica assim, como uma névoa, embaçado, forçando pra ser visto.

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...